Sinto hoje a mesma dor que senti há três anos atrás.
Por volta das três da tarde, de cinco de Setembro. Com a mesma intensidade, parece que o chão sumira dos pés, ao receber a notícia de que a vó tão amada e eternizada, já não estava mais entre nós.
Posso reviver aquele momento, num piscar de olhos. Meu Deus, saudade que só aumenta, dor que nunca irá passar, falta do colo, do olhar carinhoso, das mãos envelhecidas sempre prontas a fazer um prato para o gosto e agrado de cada neto.
Divertida, amável, alegre, gostava de contar piadas.
Que falta eu sinto da minha avó. Sinto-me ainda com cinco ou seis anos de idade (período que já me recordo com clareza), das preocupações, do cuidado, do amor demonstrado naquela peça de roupa costurada com retalhos e sobras de tecidos das encomendas recebidas.
Amor demonstrado, uma vez por mês, dia de fazer compras, já era de costume, antes de chegar ao supermercado, passar no Bazar Americano e comprar um brinquedo para mim, geralmente, um bonecão de plástico, daqueles mais simples que possa imaginar, que vem com um shortinho esquisito, era a minha alegria. Nas compras, o detalhe: uma coca-cola de 290 ml para cada um (para mim, ela e meu avô), claro, só para o domingo, para ser consumida justamente com a macarronada mais saborosa do mundo.
Gestos simples, humildes e cheios de amor!!! Até o último dia de sua vida, mesmo com a saúde debilitada e a cabeça confusa, o seu olhar amoroso não mudou.
O que não mudou e nunca vai passar, é essa dor, dor de saudade, solidão, sentimento de vazio que ficou em mim após a sua partida. Três anos sem você, Vó Bertina e um dia se quer, sem deixar de pensar, de me lembrar, nos pequenos gestos, na humildade...
E com tudo isso, eu ainda tenho que dizer: #Eavidasegue
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