Seja Bem Vindo (a)

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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"BATOM NA BOCA E CHUTEIRA NOS PÉS"



Matéria abaixo escrita para a Revista UMA, edição de Abril/2010, que foi publicada pelo site da UOL e eu compartilho com vocês.  


Por  Joice Luciana
Fonte: Revista UMA/ed.112

Na história, é possível acompanhar a luta enfrentada pelo sexo feminino. No início do capitalismo, durante a Revolução Francesa, a mulher começou a se “infiltrar” nas fábricas. Começou-se o processo de inclusão no mundo do trabalho quando elas deixavam as suas casas e, nas grandes fábricas têxteis, sujeitavam-se a míseros salários, valores significativamente inferiores aos que eram pagos aos homens, e à extensa carga horária – as funcionárias permaneciam no trabalho por mais de 16h, submetendo-se a trabalhos forçados, humilhações, constrangimentos e assédio sexual.

Felizmente, nos dias de hoje, esse quadro mudou. Onde quer que ela vá, o que quer que ela faça, é indiscutível o crescimento que a mulher conquistou nos mais diversos segmentos profissionais. Aquele velho dito popular “lugar de mulher é na cozinha” já não tem mais efeito emocional nem faz mais parte do cotidiano. Lugar de mulher é onde ela quiser estar, pelo menos, é isso o que nós, do sexo feminino, temos buscado até o momento. Seja conduzindo uma enorme carreta carregada com produto inflamável, seja acariciando a face do filho enquanto o amamenta, a mulher realiza suas funções com dedicação e competência.

Na grande área

Hoje, apesar desse crescimento todo, a mulher ainda busca seu espaço no mercado de trabalho. Apesar dos avanços que conseguiu nesta área, ainda existem profissões consideradas do “mundo masculino”, como a de jogador de futebol. O argumento utilizado para dizer que a mulher não poderia atuar dentro do campo seria a diferença biológica, explicada pela desigualdade entre homens e mulheres – elas sempre vistas menos capazes do que eles.

A atleta Cristiane Rozeira de Souza Silva, atacante da Seleção Brasileira de Futebol, afirmou ter encontrado dificuldades no início de sua carreira. Ainda menina na cidade de Osasco, manteve vivo em sua mente o objetivo fixo de jogar futebol. “Quando eu era menorzinha e estava fazendo o
processo para o futebol feminino, sempre tive probleminhas aqui e ali com amigos e vizinhos. Tive dificuldades, mas nunca abaixei a cabeça para nada. O importante, para mim, foi ter o apoio da minha família”, revela. E ela conseguiu!

Hoje, Cristiane ocupa um lugar de destaque: foi eleita a terceira melhor jogadora do mundo pela Fifa no ano passado. Também em 2009, Cristiane se destacou ao fechar um contrato temporário com o time do Santos Futebol Clube. Além dela, a jogadora Marta, considerada quatro vezes a melhor do mundo, também reforçou a equipe da Baixada Santista e conquistaram juntas a primeira edição da Taça Libertadores da América Feminina. “As meninas de hoje talvez sofram menos preconceito do que sofremos e tenham uma maior facilidade para iniciar as suas carreiras, até pela história que nós, mais velhas, construímos. Pelas nossas conquistas, já provamos que o futebol não é só para homens– isso já foi provado e comprovado.”

Paixão na rede

Cada vez mais, o público feminino assume os seus gostos e  as suas preferências, apesar de ainda haver certa resistência por parte da sociedade. No debate do tema, destaca-se o blog Torcida Feminina, formado só por mulheres (www.torcidafeminina.com.br). Idealizadora do projeto, a jornalista Eliane Sobral é mais uma apaixonada por futebol que pensa no público feminino. “A ideia surgiu por causa da nossa paixão pelo futebol. Todas as meninas que estão envolvidas no blog gostam de futebol, acompanham os jogos e têm um time do coração. Muitas mulheres curtem futebol. Fazendo uma pesquisa, encontrei mais de 1.000 comunidades ativas no Orkut, onde elas discutem futebol, opinam, falam sobre a escalação do Dunga... Foi aí que se fortaleceu a ideia de criar o blog Torcida Feminina.”

Depois de passar por importantes veículos de comunicação do País, Eliane decidiu investir nessa ideia inovadora. O blog existe há seis meses. Com uma linguagem irreverente, o blog traz todas as notícias do futebol e, para o espanto da jornalista, os acessos têm aumentado a cada dia. “Tenho me surpreendido com o crescimento dos acessos. Por dia, cerca de 800 a 1.000 pessoas visitam o nosso blog”, comenta.

Um serviço diferenciado é oferecido por elas: o Leva e Traz. É um pacote voltado para as mulheres interessadas em ir ao estádio de futebol, oferecido com serviço de transporte (ida e volta) e ingressos dos jogos incluso. Mesmo com o visível destaque da mulher no mundo da bola, a ex-juíza admite que o preconceito ainda existe, e que vai demorar um pouco para o tabu ser quebrado. “Acredito que o preconceito diminuiu bastante, mas ele ainda existe. Há muita jornalista no meio cobrindo futebol. Temos aqui na equipe uma integrante que cobre futebol nos estádios e existem colegas do meio que, quando ela faz uma pergunta, olham meio de lado, torto.”

Cartão vermelho ao preconceito

Não só como jogadora a mulher se destaca no futebol. Apitando os jogos elas também fazem sucesso. É o caso de Ana Paula Oliveira, a bandeirinha mais famosa do Brasil, que também é jornalista e técnica em Administração. Em seu site oficial, ela relata que tudo começou quando acompanhava seu pai em partidas de futebol amador. “Na época, ele era o árbitro e eu ia a todos os jogos com ele. Foi assim que surgiu o meu amor pela profissão”, revela.

Ana Paula não pensou duas vezes: batalhou por seu sonho e venceu as barreiras do preconceito. Durante as partidas de futebol, várias abordagens eram feitas, desde elogios à sua beleza até os famosos xingamentos envolvendo a mãe dela. Com uma carreira em ascensão, ela viu tudo desmoronar após posar nua para uma revista em 2003. As fotos e a forte exposição na mídia foram atributos suficientes para afastá-la
da profissão, mas ela afirma que não desistirá.

Elas por ele

Não poderíamos deixar de ouvir um homem especialista no tema abordado. A seguir, o comentarista esportivo da rádio capital AM de São Paulo, Lombardi Jr., expressa sua opinião sobre as mulheres no gramado.

Como você vê a evolução da mulher no mundo do futebol, seja como jogadora, seja como jornalista, ou, até mesmo, árbitra?
Hoje, a mulher é jornalista e atua em sites de relacionamentos futebolísticos, com total capacidade de comentar e argumentar sobre o assunto. eu, particularmente, conheço várias amigas que têm o entendimento do futebol, lidam com o futebol como eu ou qualquer companheiro do sexo masculino, e têm uma participação totalmente fortalecida, além de viverem financeiramente disso.

A mulher está conquistando o seu espaço também na arbitragem?
Atualmente, a arbitragem do futebol dispõe, no quadro de árbitros, uma quantidade enorme de mulheres que atuam e se aprimoraram nisso. Hoje, você não só vê a mulher inserida no futebol, como também a figura feminina num contrassenso à figura masculina, que é mais ligada ao futebol. existe uma diferença evidente entre o futebol praticado por homens e o por mulheres, como acontece também no vôlei e no basquete. A
diferença é que a mulher, biologicamente...

Foi Deus que a criou, não foi uma coisa nossa, é uma questão física que a faz mais frágil do que o homem. Por isso, ela é mais elegante, chama mais a atenção e merece ser tratada com carinho. Por sua condição física ser mais frágil, a mulher procura se impor mais quando apita um jogo, até por conta da impunidade que existe no meio.

A bandeirinha Ana Paula Oliveira conquistou o seu espaço na arbitragem brasileira. Depois de ter posado nua, desapareceu dos gramados?
A Ana Paula não pode ser considerada menos competente pelo fato de ser mulher. O que ocorreu foi que, ao fazer as fotos sensuais, ela abriu uma brecha para que a sua credibilidade fosse questionada. Ela caiu no descrédito a partir do momento em que ela associou a sua imagem como mulher, criando a libido no homem que consome o futebol, à arbitra competente que era, errando e acertando como todos os outros árbitros.


O que dizer sobre o preconceito em relação à atuação da mulher nas diversas áreas do futebol? Ele existe? 
Existe, sim, o preconceito contra a mulher inserida no futebol. Um exemplo é em relação à homossexualidade. existe até uma pesquisa
realizada fora do Brasil (não me lembro a fonte agora), em que afirma que a mulher, ao trabalhar com futebol, convivendo com o tema, está relacionada ao homossexualismo. Só o fato de gerar o interesse de fazer a pesquisa, fazendo uma correlação ao lado sexual da mulher, já é preconceito. Se não, passaria batido como passa no futebol profissional. Ou você acha que nenhum homossexual joga futebol masculino?





Um comentário:

  1. Puxa Joice,parabéns pelo o blog e sempre fui a favor de mulheres terem o mesmo espaço que nem muitos homens,tem mulheres que entendem de futebol até mais que muito homem por aí!
    Gosto muito de discutir futebol com mulher,é sempre um prazer!elas entendem mais mesmo!
    parabéns Joice!
    Beijo
    Igor
    meu blog: http://igoresportes.blogspot.com/ e no twitter pra quem quiser @blogdoigor05

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